Turbinas eólicas

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Turbinas eólicas

As turbinas eólicas, ou aerogeradores, são equipamentos capazes de converter a energia cinética do ar (que se desloca devido às diferenças de pressão atmosférica terrestre, causadas por diferenças de temperatura na superfície terrestre – é uma energia derivada da solar em energia elétrica – utilidade usada em praticamente todas as ações industriais e do quotidiano. As turbinas eólicas são compostas por pás, como um cata-vento, que o vento faz girar, convertendo a energia cinética deste em energia mecânica. As pás estão ligadas a um eixo que, por sua vez, está ligado a um gerador, sendo nele que é feita a conversão de energia mecânica em energia elétrica. As turbinas são geralmente instaladas na forma de parques eólicos, com vários aerogeradores de grandes dimensões.

A energia gerada pelas turbinas eólicas depende da densidade do ar, da área das pás e principalmente da velocidade do vento – a energia potencial da turbina depende do cubo da velocidade do vento perpendicular às pás–. A energia máxima passível de ser retirada do vento com aerogeradores está limitada 59.3% (16/27). Este valor foi determinado pelo físico alemão Albert Betz, e é chamado limite ou lei de Betz.

Por esta razão os parques eólicos são geralmente instalados em zonas ventosas, onde o potencial eólico é maior, sobre torres elevadas (onde o vento não é tão afetado pelo relevo do solo). Os aerogeradores podem também ser instalados no mar, onde a presença de vento é mais regular. Normalmente só é adequado fazer parques eólicos para velocidade de vento superiores a 4 m/s, permitindo assim classificar as turbinas através do parâmetro .WPD (Wind Power Density).

Estas turbinas são responsáveis pela produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis, não poluentes e que reduzem a dependência de combustíveis fosseis.


Wind Power Density (WPD) [1]

O WPD trata-se de uma medida quantitativa da energia eólica disponível numa região, determinada através da média anual de energia disponível por metro quadrado. Este parâmetro permite classificar as turbinas eólicas, numa escala de I a III, consoante a velocidade média do vento para a qual foram projetadas, indicando ainda a intensidade da turbulência suportadas, através das letras A, B e C.

Classificação das turbinas eólicas consoante a velocidade média do vento
Class Avg Wind Speed (m/s) Turbulence (%)
IA 10 16
IB 10 14
IC 10 12
IIA 8.5 16
IIB 8.5 14
IIC 8.5 12
IIIA 7.5 16
IIIB 7.5 14
IIIC 7.5 12


Constituição

Os aerogeradores têm vários componentes. Os componentes fundamentais são o eixo ou rotor, um gerador elétrico e respetivo sistema de controlo, e a torre de suporte. O rotor é o componente destinado a converter a energia cinética do vento em energia mecânica, e pode ser de 2 tipos. Dependendo do tipo de rotor têm-se 2 aerogeradores diferentes. Este equipamento engloba também as pás, que podem ser de madeira, alumínio, aço, fibra de vidro, fibra de carbono e/ou Kevlar™. A área das pás é fundamental na quantidade de energia que o aerogerador consegue produzir. O rotor pode rodar sobre o seu próprio eixo, mas permite também que o plano das pás faça um certo ângulo com a horizontal, adaptando-se à direção do vento. As pás também podem rodar ligeiramente sobre o seu próprio eixo.

O gerador é o elemento responsável pela conversão da energia mecânica em energia elétrica.

Algumas das características das turbinas eólicas são essenciais ao funcionamento das mesmas, de modo a garantir a eficiência de operação dentro da gama de valores possíveis, bem como a correta distribuição para a rede de energia. São estas as seguintes:[2]

  • Orientação automática: As turbinas eólicas orientam-se automaticamente para tirar o maior proveito da energia cinética do vento. Estas movem-se sobre um eixo localizado no topo da torre.
  • Movimento das pás: Através da ação do vento, as pás começam-se a deslocar a partir de velocidades de cerca de 3,5 m/s e atingem um máximo de eficiência para velocidades na ordem dos 11 m/s. Em casos de ventos extremos (25 m/s ou superior), existe um mecanismo de segurança que abranda as pás e, consequentemente, a produção de energia, por forma a evitar voltagens excessivas.
  • Transporte da energia gerada: A energia produzida é encaminhada até à base do aerogerador, e posteriormente conduzida até uma sub-estação, onde se aumenta a sua voltagem para permitir a incorporação na rede elétrica e assim a sua distribuição e uso. Todo este processo pode ser esquematizado pela figura, abaixo.
Esquema do trajeto de produção, incorporação e distribuição de energia elétrica na rede. Fonte: Office of Energy and Renewable Energy
  • Controlo e Monitorização: Todas as funções críticas das turbinas eólicas são monitorizadas e supervisionadas na subestação e no centro de controlo, de forma a detetar e resolver quaisquer falhas ou incidentes que se possam verificar. Existe ainda, no topo do aerogerador, um aparelho de registo de informação relativa às correntes de vento (velocidade e direção).


Princípios de Funcionamento

A transformação da energia fornecida pelo vento em energia elétrica dá-se a partir da força aerodinâmica criada pelas pás do rotor. Quando a corrente de ar circula através destas, a pressão em um dos lados das pás diminui, originando uma driving-force que causa um efeito de arrastamento e elevação das pás. Como a força de elevação é superior à de arrastamento, o rotor começa a girar, e, estando conectado a um gerador (direta ou indiretamente), permite que este transforme a energia mecânica em energia elétrica. [3]

Nas turbinas eólicas mais antigas, o gerado encontra-se ligado indiretamente ao rotor, através de condutas e de uma caixa de transmissão (gearbox). Nestes casos, os rolamentos e engrenagens existentes na gearbox estão sujeitos a tensões extremas, derivadas da turbulência do ar, tornando a manutenção deste componente da turbina uma tarefa frequente e de elevada importância. Em turbinas mais recentes, a ligação entre o rotor e o gerador é feita diretamente, removendo os componentes anteriormente mencionados, o que a torna mais confiável em termos de desempenho. No entanto, utilizando este método de conexão, existem problemas associados ao custo e ao peso do gerador, uma vez que se utilizam geradores de alta velocidade. [4]

Turbina com ligação direta. Fonte: Power Engineering


Turbina Eólica com gearbox. Fonte: Power Engineering


Tipos de turbinas

Eixo Horizontal (HAWT)

São o tipo de turbinas eólicas mais comuns e, como o nome indica, o eixo encontra-se na posição horizontal. No mesmo plano estão o rotor, gearbox e gerador, posicionados no topo da torre. As HAWT têm como principal desvantagem o facto de as pás terem de estar apontadas na direção do vento. A regulação da sua posição é feita automaticamente por computadores com recurso a sensores. As pás são posicionadas de forma estratégica para evitar problemas que possam surgir com a grande turbulência gerada, são colocadas por exemplo contra o vento e a uma determinada distancia, na frente da torre, para o caso das pás se inclinarem com a turbulência. As HAWT são as que mais energia produzem, visto que as pás estão na perpendicular à direção do vento e todas trabalham. Nos grandes parques eólicos são frequentes as turbinas de 3 pás que são as que melhor conseguem conciliar a velocidade das pás com a estabilidade da estrutura. A maior altura e comprimento das pás favorece a geração de energia. Os grandes custos iniciais e de manutenção, são as suas principais desvantagens.

Comparação entre turbinas de eixo horizontal e vertical. Fonte: Aeolos

Eixo Vertical

O eixo rotacional encontra-se na posição vertical, perpendicular ao solo. Neste género de turbinas destacam-se as do tipo Savonius e Darrieus, as quais funcionam a partir de forças de arrasto e de sustentação, respetivamente. Estas possuem o gerador e a gearbox na base da turbina, junto ao solo, o que é um fator vantajoso para a sua acessibilidade e manutenção. Umas das principais características destas turbinas é a sua independência em relação à direção do vento, não necessitando de mecanismos para apontar as turbinas ou de pitch, permitindo também a sua instalação em locais onde a direção do vento não é constante. A sua integração em edifícios também é possível. Fácil instalação e transporte são outras das vantagens.

As suas desvantagens prendem-se com as suas baixas velocidades de rotação, baixas eficiências, já que apenas uma lamina trabalha (em comparação com HAWT onde todas contribuem para a geração elétrica) e necessidade de um impulso inicial.

Turbina Darrieus. Fonte: UOL


Eficiência [1]

De acordo com o princípio da conservação da massa, a quantidade de ar que entra na turbina tem de ser igual à que sai da mesma, limitando a eficiência das mesmas a 59,3% da energia cinética total associada ao ar circulante. Este valor foi obtido através da equação de Bertz, que traduz a máxima potência que é possível obter a partir de uma corrente de ar.

Assim, considerando a eficiência máxima e a equação que traduz a energia cinética, e sabendo a velocidade do ar, var, e a sua densidade, ρar, a potência máxima que pode ser obtida numa turbina eólica é dada por:

Equação que permite determinar a potência de um aerogerador

Sendo A a área efetiva do rotor. Há, ainda, outros fatores que afetam o valor final da potência, entre os quais a fricção entre as pás da turbina, e ainda perdas na conversão de energia cinética em energia mecânica, associadas ao rotor.


Vantagens e desvantagens

As principais vantagens do uso de energia proveniente das turbinas eólicas são o facto de serem de uma fonte renovável e não poluente. Existem outras vantagens que estão relacionadas direta ou indiretamente com o uso das turbinas eólicas, tais como:

-       Diminuição da dependência de combustíveis fósseis;

-       Diminui a emissão de gases de efeito de estufa;

-       Criação de emprego;

-       Principais desvantagens:

-       Dependência da presença de vento;

-       Poluição visual e sonora;

-       Podem afetar o ecossistema de algumas aves;

-       Podem causar erosão no solo.

Produção de eletricidade por fonte em Portugal, 2017. Fonte: APREN

Situação em Portugal

Atualmente Portugal produz mais de 5 GW de energia eólica, constituindo 22% da produção elétrica em Portugal. Em 2013 ocupava a sétima posição no ranking de produção de energia eólica na Europa.

A energia eólica começou a ser produzia em Portugal em 1986 com a criação do primeiro parque eólico na ilha de Porto santo, e em Portugal continental em 1992 no parque eólico de Sines. Em 2013 Portugal tinha já mais de 2500 aerogeradores, sendo Viseu o distrito que mais energia eólica produz.

De acordo com a APREN – Associação Portuguesa de Energias Renováveis, em 2016 existiam, no total, cerca de 2600 turbinas eólicas instaladas, associadas a uma potência mecânica de aproximadamente 5300 MW.

Evolução do sector eólico, até 2016. Fonte: APREN

Devido à situação geográfica e geomorfológica do País, existe um restrito número de locais onde a instalação das turbinas é eficiente e economicamente viável. Tratam-se de áreas montanhosas, onde a velocidade e regularidade do vento permitem um bom aproveitamento energético, essencialmente em zonas próximas da costa (norte do Tejo e Costa Vicentina, são exemplos de locais com as características necessárias para a instalação). [5]


Custos da Energia Elétrica[6]

Segundo a DGEG – Direção Geral de Energia e Geologia, os custos associados à produção de energia são determinados por:

  • Investimento (aerogerador, fundações, integração na rede)
  • Tempo de vida útil da turbina eólica (20 a 25 anos)
  • Custos de exploração e manutenção
  • Quantidade de energia produzida consoante a velocidade média do vento


Produção Futura em Portugal. Fonte: Apren

Referências

http://pt.hidroerg.pt/energia-eoacutelica.html

https://www.palpitedigital.com/como-funcionam-turbinas-eolicas-geracao-energia/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Aerogerador

https://evolucaoenergiaeolica.wordpress.com/aerogerador-de-eixo-horizontal/

http://www.solar.coppe.ufrj.br/eolica/eol_txt.htm

http://www.green-mechanic.com/2013/03/horizontal-axis-wind-turbine.html

http://www.green-mechanic.com/2013/03/vertical-axis-wind-turbine.html


Realizado por: Inês Inocêncio e Telmo Rodrigues, no âmbito da disciplina de Integração e Intensificação de Processos, pertencente ao Mestrado Integrado em Engenharia Química (Departamento de Engenharia Química, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 2016/2017).

Revisão, edição e atualização por António Aragão e Fábio Ribeiro. 17 de abril de 2019. Integração e Intensificação de Processos, Mestrado Integrado em Engenharia Química

  1. 1,0 1,1 Autor Desconhecido. (s.d.). Turbinas Eólicas (Wikipédia). Wikipédia. Consultado em 19 de fevereiro de 2019
  2. Autor desconhecido. (s.d.). Wind Turbines. Acciona. Consultado em 20 de fevereiro de 2019.
  3. Autor Desconhecido. (s.d.). How Do Wind Turbines Work?. Office of Energy & Renewable Energy. Consultado em 19 de fevereiro de 2019.
  4. Lindsay Morris. (2011). Direct Drive vs. Gearbox: Progress on Both Fronts. Power Engineering. Consultado em 19 de fevereiro de 2019.
  5. Autor Desconhecido. (2017). O Futuro do Sector Eólico: Extensão de Vida e Repowering das Centrais Eólicas. APREN – Associação Portuguesa de Energias Renováveis. Consultado em 20 de fevereiro de 2019.
  6. Autor Desconhecido. (s.d.). Energia Eólica. DGEG – Direção-Geral de Energia e Geologia. Consultado em 20 fevereiro de 2019.